A integração da inteligência artificial (IA) na prática médica já é uma realidade e impõe uma transformação urgente na forma como formamos nossos médicos. Com promessas de diagnósticos mais precisos, terapias personalizadas e otimização de processos, a IA não apenas modifica a medicina — ela a redefine. Para que esses avanços resultem em benefícios reais, é essencial que os médicos estejam preparados para utilizar essas tecnologias com eficácia e ética.

O Médico do Futuro: Tech-Enabled e Humanista

Discutir o futuro da educação médica vai além de aprimorar a literacia em IA. É necessário reformular o currículo de forma abrangente, expandindo as capacidades dos médicos, integrando competências tecnológicas de forma transversal e, ao mesmo tempo, renovando o foco nos aspectos mais humanos da prática médica.

O médico do amanhã deve ser um “profissional aprimorado pela tecnologia” e, simultaneamente, um verdadeiro humanista. A medicina é mais do que diagnosticar doenças ou prescrever tratamentos: é compreender a experiência humana da enfermidade e estabelecer conexões profundas com os pacientes. A ascensão da IA não deve desumanizar a medicina — ao contrário, deve libertar o médico de tarefas repetitivas e burocráticas, permitindo que dedique mais tempo à comunicação empática e ao cuidado relacional.

A IA é uma aliada poderosa nos diagnósticos por imagem, na previsão de desfechos clínicos e na elaboração de planos terapêuticos, permitindo ao médico focar na tomada de decisões complexas e na escuta ativa do paciente.

Desafios e Imperativos para a Transformação

Apesar do potencial promissor, a incorporação da IA na medicina apresenta desafios relevantes que devem ser enfrentados de forma proativa:

Um Roteiro de Ação para o Brasil

Diante desse cenário, as escolas médicas brasileiras têm um papel estratégico. É hora de liderar a transformação com medidas concretas:

  1. Reformulação Curricular Abrangente e Transversal
  1. Definição e Padronização de Competências em IA
  1. Governança Ética e Regulamentar
  1. Pesquisa e Avaliação de Impacto

Conclusão

A inteligência artificial não é uma ameaça à essência da medicina, mas uma aliada que, bem empregada, pode amplificar a humanidade no cuidado. O maior desafio — e também a principal oportunidade — das escolas médicas no Brasil é formar uma nova geração de médicos: profissionais que dominem os algoritmos sem perder a empatia, liderando um futuro da saúde mais tecnológico, mas também mais humano.

 

 

 

 

 

Mário Rodrigues Montemór Netto
Médico Patologista.
Professor do Curso de Medicina da UEPG.
Presidente da AMPG.

 

Wagner Gil Denck
Economista.
Gestor da AMPG

 

 

Referências:

 

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